TEXTO:
Indignação civil
Talvez exista algo de quixotesco nas tentativas de refrear por meio de recursos jurídicos os casos mais evidentes de desperdício e de abuso que se registram no poder público brasileiro. Ações populares contra os gastos motivados pela viagem de Sarney a Paris, recursos contra o selo-pedágio e contra as injeções de dinheiro público em fundos de assistência privada não deixam, entretanto, de refletir um inconformismo diante de uma administração que se mostra incorrigível no desrespeito à opinião pública e que, esgotando-se na própria incapacidade de fazer frente ao processo inflacionário, tende a desmoralizar não só a si própria, como ao Estado brasileiro em seu conjunto.
Sem uma constante vigilância da opinião pública, sem esse esforço quase desesperado de inconformismo, sem uma pressão cotidiana em defesa dos recursos do contribuinte, dificilmente será possível superar a crise atual; por remotas que sejam suas possibilidades de sucesso, tentativas desse tipo só podem despertar a simpatia da população. (Folha de S. Paulo)
ANALISANDO O TEXTO
Entre as muitas preposições utilizadas no texto, duas se destacam como recurso enfático que o redator explora: "contra" e "sem". Um texto que trata de oposição a desmandos do governo e de instrumentos indispensáveis para combatê-los se constrói a partir da ênfase nas relações de oposição e privação, expressas através das preposições "contra" e "sem".
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