No início do ano, o júbilo invade o BLOG PROF. STEFAN - LÍNGUA PORTUGUESA - TEXTOS, pois ocorre a comemoração de mais um aniversário e, desta vez, o quinto. Os seus privilegiados leitores, por sua vez, continuam aproveitando os preciosos ensinamentos dos fatos de nossa língua contidos em cada texto publicado.
TEXTO:
TEXTO:
Retrato
Sobre a mesa
sob o tato
sem contato
com meus dedos,
não ligado
ao meu afeto:
seu retrato.
Não se perde
numa concha
o mar
que nela
instilaram.
Seu retrato
sob o tato
não dos dedos
mas do afeto
perde
um pequeno
objeto
que se reflete
em abstrato:
meu silêncio
em seu retrato.
(CARLOS, Manoel. Bicho alado.)
ANALISANDO O TEXTO
1. Nos quatro primeiros versos do poema, as preposições são exploradas sonora e semanticamente. A exploração sonora acontece sobretudo por causa do fonema inicial das três primeiras delas e do ritmo obtido pela sequência de versos curtos dos quais elas participam. Semanticamente, as preposições se dispõem em pares, formando antíteses: sobre/sob; sem/com.
2. No sexto verso do poema, há um fenômeno fonológico e gráfico. A preposição é a, da forma ao, que resulta da combinação entre a preposição e o artigo definido masculino o. Os termos por ela relacionados são o verbo ligado e o substantivo afeto.
3. No quarto verso da segunda estrofe, há a forma nela, que consiste na contração da preposição em com o pronome ela. Essa forma relaciona o pronome relativo que, que por sua vez se refere ao antecedente o mar, com a concha, estabelecendo uma relação de lugar. Desta forma: o mar - esse mesmo mar foi instilado numa concha - o mar não se perde nessa concha.
4. Nas expressões "em abstrato" e "em seu retrato", foram estabelecidas, respectivamente, as relações de modo e lugar.
5. O texto estabelece uma relação entre a concha (e o "mar que nela instilaram") e o retrato sobre a mesa (que "perde um pequeno objeto"). Essa aproximação (retrato/concha) se fundamenta em semelhanças e contrastes. Da mesma forma que uma concha carrega em si o mar que lhe foi instilado, o retrato carrega em si a imagem impressa. A concha é apresentada como preservadora do mar que carrega, enquanto o retrato permite escapar um pequeno objeto (o silêncio do observador, que é o eu lírico).
2. No sexto verso do poema, há um fenômeno fonológico e gráfico. A preposição é a, da forma ao, que resulta da combinação entre a preposição e o artigo definido masculino o. Os termos por ela relacionados são o verbo ligado e o substantivo afeto.
3. No quarto verso da segunda estrofe, há a forma nela, que consiste na contração da preposição em com o pronome ela. Essa forma relaciona o pronome relativo que, que por sua vez se refere ao antecedente o mar, com a concha, estabelecendo uma relação de lugar. Desta forma: o mar - esse mesmo mar foi instilado numa concha - o mar não se perde nessa concha.
4. Nas expressões "em abstrato" e "em seu retrato", foram estabelecidas, respectivamente, as relações de modo e lugar.
5. O texto estabelece uma relação entre a concha (e o "mar que nela instilaram") e o retrato sobre a mesa (que "perde um pequeno objeto"). Essa aproximação (retrato/concha) se fundamenta em semelhanças e contrastes. Da mesma forma que uma concha carrega em si o mar que lhe foi instilado, o retrato carrega em si a imagem impressa. A concha é apresentada como preservadora do mar que carrega, enquanto o retrato permite escapar um pequeno objeto (o silêncio do observador, que é o eu lírico).
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