TEXTO:
Pena de morte
Cada aplicação da pena capital nos EUA ressalta o paradoxo entre uma sociedade tida como das mais democráticas do planeta e a preservação de um instituto marcadamente brutal e incivilizado. Com a morte de um prisioneiro anteontem na Califórnia, subiu para 167 o número de execuções nos EUA desde 1976, data da reimplantação da pena de morte.
Mais importante do que sublinhar a crueldade do método utilizado _ a câmara de gás _ é repisar os argumentos contrários a esse tipo de sanção. E eles são vários. Ao aplicar a pena de morte, o Estado desce à mesma condição aviltante do delinquente responsável por um ato hediondo. Pior, correndo o sério risco de cometer uma injustiça fruto de falhas processuais, as quais ficam sem possibilidade de reparação.
Nem sequer como medida exemplar o dispositivo pode ser justificado. São inúmeros os estudos a mostrar que a aplicação da pena de morte não diminui a criminalidade. Na medida em que toda sanção tem como um de seus objetivos coibir a reprodução de comportamentos antissociais, só esta constatação bastaria para desautorizar o uso de método tão bárbaro e sinistro.
O direito moderno dispõe de meios de dissuasão muito mais eficazes e contundentes para combater a delinquência, sem precisar recorrer a procedimentos que atentam contra a inviolabilidade da vida humana. Por tudo isso, é extremamente lamentável que num país como os EUA os emocionalismos prevaleçam sobre os argumentos da razão. (Folha de S. Paulo, 23/4/92.)
ANALISANDO O TEXTO
1. O valor do uso do presente do indicativo na primeira frase do texto é indicar processo de efeito já tornado habitual, de validade permanente. Essa frase apresenta o tema a partir de fato efetivamente ocorrido e já indica o tratamento que será dado a esse tema (o texto argumentará contra a pena de morte).
2. O tempo verbal que predomina no segundo parágrafo é o presente do indicativo (é, são, desce, ficam). Em todas as ocorrências, ele indica processos continuados, fatos de validade permanente.
3. A primeira frase do segundo parágrafo apresenta dois argumentos: a crueldade do método utilizado e os vários argumentos contrários a esse tipo de sanção. Esses argumentos são apresentados pela estrutura argumentativa "mais importante do que... é...", que, além de possibilitar a exposição simultânea de dois argumentos, permite hierarquizá-los, destacando o segundo deles. Observe que a partir do segundo membro dessa estrutura o parágrafo continua a se desenvolver.
4. O valor da expressão "nem sequer" na argumentação é atuar como elemento indicador de pressuposições, isto é, introduzir no texto um dado da realidade que se pode considerar conhecido pelos interlocutores mesmo sem ter sido citado anteriormente. Dessa maneira, o produtor do texto se adianta aos que defendem posição contrária à sua, atacando um de seus argumentos antes mesmo de ele ser posto. Além disso, a expressão possui valor de exclusão completa. É como dizer que "nem para isso serve tal coisa".
5. O tempo verbal predominante no último parágrafo do texto é novamente o presente do indicativo (dispõe, atentam, é). A seu lado, aparece o presente do subjuntivo (prevaleçam). O primeiro tempo expressa processos de validade permanente. Já o segundo aparece em uma oração subordinada, cuja oração principal apresenta o verbo no presente do indicativo.
6. Os tempos verbais que predominam no texto são: presente do indicativo, presente do subjuntivo e futuro do presente do indicativo. O texto em questão é dissertativo e os tempos predominantes são adequados para esse tipo de texto na língua portuguesa.
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