segunda-feira, 22 de julho de 2013

Ano II - número 10 - jul./ago. / 13: Estrutura e formação das palavras - I: derivação - texto 1

         02 DE JULHO DE 2013: data memorável para o BLOG PROF. STEFAN - LÍNGUA PORTUGUESA - TEXTOS ao atingir a marca significativa de 1000 VISUALIZAÇÕES em um ano e meio de efetiva presença na rede mundial de computadores. Expressivos agradecimentos a todos vocês, internautas leitores do Brasil e também dos países americanos, europeus e asiáticos (Estados Unidos, Alemanha, Rússia, Japão, Reino Unido, Coréia do Sul, Tailândia, Polônia, Portugal, Indonésia, Ucrânia e Canadá), por acessarem continuamente este BLOG, que veicula o produtivo estudo da língua portuguesa e a sua riqueza comunicativa. 

TEXTO: Quero (Carlos Drummond de Andrade)

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.

No momento em que não me dizes:
Eu te amo, 
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amaste antes.

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.


ANALISANDO O TEXTO
1. Neste poema de Drummond, o verbo "amar" aparece com diversas formas. Ei-las juntamente com a depreensão correta dos morfemas que as compõem e sua classificação: am-o, am-a-do, am-a-s, am-a-r, am-a-ste. Am-: radical; -a-: vogal temática; -do, -s, -r, -ste: desinências.
2. Há também determinados nomes que pertencem à mesma família do substantivo "amor": am-a-ção: am-: radical; -a-: vogal temática; -ção: sufixo/   amor-os-o:  amor-: radical; -os-: sufixo; -o: desinência/    não-amor: não-: prefixo; -amor: radical.
3. Observe a palavra "vez". Ela é formada exclusivamente pelo radical, não apresentando vogal temática ou desinência.
4. Na passagem "amor na raiz da palavra", a palavra "raiz" é utilizada em sentido literal: indica a parte da palavra cuja forma e sentido são reconstituídos etimologicamente pelos trabalhos de pesquisa. "Amor na raiz da palavra" é, pois, amor no sentido primeiro e original do termo, ou seja, amor puro e genuíno.
5.  Para o sujeito lírico do poema, é através da emissão e da repetição das palavras que a realidade se instaura: se não houver repetição da declaração amorosa, o amor deixa de existir. 

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