Embora soneto
Vivo meu porém
No encontro do todavia
Sou mas.
Contudo
Encho-me de ainda
Na espera do quando
Desando ou desbundo.
Viver é apesar
Amar é a despeito
Ser é não obstante
Destarte
Sou outrossim
Ilusão, sem embargo
Malgrado senão.
(BARROS, Paulo Alberto M. Monteiro de Barros. (Artur da Távola) Calentura)
ANALISANDO O TEXTO
1. Soneto é uma forma poética fixa. "Embora soneto" pode ser interpretado como "ainda assim um soneto", em uma referência à forma do texto, que não corresponde à do soneto tradicional, ou como uma alusão à temática do texto, que é o constante conflito, o jogo de oposições permanente em que muitas circunstâncias da vida nos colocam.
2. "Contudo" é uma conjunção coordenativa adversativa.
3. As conjunções que aparecem no texto têm seu sentido ampliado pela forma como são utilizadas: "embora", "porém", "todavia", "mas", "quando", "apesar (de), "a despeito", "não obstante", "outrossim", "sem embargo", "malgrado", "senão". Essas conjunções assumem o sentido das suas relações costumeiras, indicando contraste, oposição e compensação.
4. Há constatações existenciais nos versos "Viver é apesar/ Amar é a despeito/ Ser é não obstante". As conjunções surgem com os sentidos de oposição, de adversidade e de compensação.
4. Há constatações existenciais nos versos "Viver é apesar/ Amar é a despeito/ Ser é não obstante". As conjunções surgem com os sentidos de oposição, de adversidade e de compensação.