quinta-feira, 21 de julho de 2016

Ano V - número 28 - jul./ago. / 16: Estudo dos verbos (III) (classe variável): valor e emprego das formas verbais - texto 3

TEXTO:
Soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


(MORAES, Vinicius de. Poesia completa & Prosa)


ANALISANDO O TEXTO
No "Soneto de separação", é empregado apenas um único tempo verbal, o pretérito perfeito do indicativo. O tema do soneto se relaciona com o valor desse tempo verbal, que é próprio para exprimir processos ocorridos e concluídos no passado. Essas noções se ligam perfeitamente à ideia da separação, do rompimento entre um momento passado e o presente.